Em um passo importante na luta contra o tráfico de drogas, o Senado Federal aprovou, nesta terça-feira (16), em dois turnos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 186/2019, que criminaliza a posse e o porte de qualquer quantidade de droga ilícita. A medida, defendida por diversos senadores como uma resposta direta ao crime organizado e um instrumento para reduzir a violência no país, ainda precisa ser aprovada na Câmara dos Deputados para entrar em vigor.

Uma Mudança Histórica na Legislação:

A PEC, idealizada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), propõe a alteração do artigo 5º da Constituição Federal, tornando crime a posse e o porte de drogas, independentemente da quantidade. A distinção entre traficante e usuário, segundo a proposta, deve ser feita com base nas circunstâncias do caso concreto, com a aplicação de penas alternativas à prisão para usuários, como tratamento contra a dependência química.

Enfatizando o Combate ao Tráfico:

Ao defender a PEC, Pacheco argumenta que a criminalização da posse e do porte de drogas visa atacar diretamente a raiz do problema: o consumo. “O traficante de drogas aufere renda – e a utiliza para adquirir armamento e ampliar seu poder dentro de seu território – somente por meio da comercialização do produto, ou seja, por meio da venda a um usuário final”, afirma o senador.

Uma Resposta ao Supremo Tribunal Federal:

A aprovação da PEC pelo Senado também se configura como uma resposta ao Supremo Tribunal Federal (STF), que atualmente avalia a constitucionalidade do Artigo 28 da Lei de Drogas, que criminaliza o porte de drogas para consumo pessoal, mas prevê penas alternativas como advertência e serviços à comunidade. O julgamento no STF foi suspenso em março por um pedido de vista do ministro Dias Toffoli, com placar atual de 5 votos a 3 pela descriminalização do porte de maconha para uso pessoal.

Um Debate Aceso:

A votação da PEC no Senado foi precedida de um debate acalorado entre senadores favoráveis e contrários à medida. Os defensores da PEC argumentam que a criminalização da posse e do porte é necessária para combater o tráfico de drogas, reduzir a violência e proteger a sociedade. Já os críticos da medida alertam para o risco de aumento da criminalização de pessoas pobres e marginalizadas, além da desestruturação de políticas públicas de combate à dependência química.

O Caminho Adiante:

Com a aprovação no Senado, a PEC segue para análise na Câmara dos Deputados. Para ser incorporada à Constituição, a proposta precisa ser aprovada em dois turnos de votação em cada Casa do Congresso, com quórum mínimo de três quintos dos parlamentares (49 votos no Senado e 342 votos na Câmara).

Um Futuro Incerto:

Apesar da aprovação no Senado, o futuro da PEC ainda é incerto. A medida enfrenta forte oposição de diversos setores da sociedade civil, que defendem alternativas ao encarceramento como forma de combater o problema das drogas. O debate sobre a criminalização da posse e do porte de drogas deve continuar acalorado nos próximos meses, enquanto a PEC aguarda sua votação na Câmara dos Deputados.

Pontos Adicionais para Consideração:

A aprovação da PEC 186/2019 no Senado representa um passo significativo na luta contra o tráfico de drogas no Brasil. No entanto, é fundamental ponderar os possíveis efeitos colaterais da medida e buscar soluções abrangentes para enfrentar o problema. O debate deve continuar buscando um equilíbrio entre o combate ao crime organizado, a proteção da saúde pública e a garantia dos direitos humanos.

Cenários Possíveis:

O Futuro da Política de Drogas no Brasil:

A PEC 186/2019 é apenas uma peça do complexo quebra-cabeça da política de drogas no Brasil. Para enfrentar o problema de forma efetiva, é necessário um conjunto de medidas que inclua:

A busca por soluções para o problema das drogas deve ser pautada pela ciência, pela evidência e pelo respeito aos direitos humanos. Somente por meio de um enfoque multifacetado e de uma colaboração efetiva entre diferentes setores da sociedade brasileira será possível construir uma política de drogas justa, eficaz e sustentável.

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